Você já ouviu falar de um chá que pode ajudar pessoas com depressão quando nada mais funciona? Pois é, não estou falando de chá de camomila nem de erva-cidreira. É algo bem diferente.
A medicina tradicional tem suas limitações, né? Todo mundo conhece alguém que toma remédios para depressão há anos e ainda não se sente bem. Frustrante, não é mesmo?
O que é esse tal chá de ayahuasca?
O chá de ayahuasca é uma bebida que os povos indígenas da Amazônia usam há séculos em seus rituais. Não é novidade para eles, mas para nós da cidade grande, ainda causa espanto. É preparado com plantas da floresta – principalmente o cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psychotria viridis.
Na real, só agora a ciência começou a perceber o que os índios já sabiam. Tem coisa boa ali!
E não é que pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte resolveram testar? Pegaram 29 pessoas com depressão resistente – aquela que nenhum remédio tradicional resolve – e dividiram em dois grupos. Um tomou o chá de ayahuasca e outro tomou um líquido que parecia, mas era só placebo.
O resultado? Quase 64% do pessoal que tomou o chá de verdade melhorou bastante. No grupo do placebo, só 27% sentiu alguma diferença. Números que fazem a gente pensar, né?
Como funciona no nosso cérebro

“Mas peraí, como um chá consegue fazer isso?”, você deve estar se perguntando.
Vou tentar explicar sem complicar. O chá de ayahuasca tem uma substância chamada DMT que é parecida com a serotonina – aquele neurotransmissor que todo mundo já ouviu falar que traz sensação de felicidade.
É tipo quando você come chocolate e se sente bem, sabe? Só que bem mais potente!
O chá também contém outras substâncias que impedem que o DMT seja destruído pelo corpo antes de fazer efeito. É uma combinação e tanto!
Como me disse um amigo que estuda o assunto: “É como se o chá abrisse portas no cérebro que estavam trancadas há muito tempo.”
Entre o sagrado e a ciência

Olha, não dá pra falar do chá de ayahuasca sem tocar num ponto importante: ele não é só um remédio. Para muitas comunidades indígenas e religiões como o Santo Daime, é uma bebida sagrada.
Isso complica um pouquinho as coisas. A gente não pode simplesmente pegar algo espiritual e transformar em comprimido, certo?
O Rafael, pesquisador da USP que conheci num evento sobre o tema, falou algo que não saiu da minha cabeça: “A experiência com ayahuasca não é só química. Tem toda uma preparação, um contexto, um sentido que vai além do efeito da substância.”
E sabe o que mais? O chá pode causar vômitos, visões intensas e uma baita reviravolta emocional. Não é para qualquer um, nem para qualquer situação.
Quem pode tomar e quem deve evitar
Se você tem depressão e já tentou vários tratamentos sem sucesso, talvez o chá de ayahuasca possa ajudar. Mas calma lá! Não saia correndo para comprar na internet.
Tem gente que NÃO deve nem chegar perto:
- Quem tem esquizofrenia ou transtorno bipolar
- Pessoas com histórico familiar de psicose
- Quem toma certos antidepressivos (especialmente os ISRSs)
- Pessoas com problemas cardíacos graves
Uma colega que participa de pesquisas com o chá me contou: “Já vi gente tendo insights incríveis sobre traumas antigos. Mas também já vi gente tendo experiências muito desafiadoras.”
É tipo aquela trilha difícil na montanha. Faz bem, mas você precisa estar preparado e acompanhado.
Os benefícios que todo mundo comenta

Quem teve boas experiências com o chá de ayahuasca geralmente fala de:
- Um alívio rápido da tristeza profunda
- Novas formas de enxergar problemas antigos
- Uma sensação de conexão com algo maior
- Diminuição da ansiedade que não passa
- Sono mais tranquilo e reparador
Uma senhora que conheci num grupo de estudos sobre depressão me contou: “Depois de 15 anos tentando de tudo, foi na ayahuasca que encontrei paz. É como se eu tivesse encontrado um sentido que estava perdido.”
Bacana, né? Mas lembre-se: cada pessoa é um universo. O que funciona para um pode não funcionar para outro.
Brasil na vanguarda das pesquisas
Temos uma vantagem e tanto nessa área. Afinal, estamos no país que tem a Amazônia e comunidades que usam o chá de ayahuasca há gerações.
A USP até inaugurou um laboratório só para estudar substâncias psicodélicas, incluindo nossa bebida amazônica. Isso é o Brasil dando show de bola na ciência!
“A gente tá redescobrindo o que os antepassados já sabiam, só que agora com microscópio e ressonância magnética”, me explicou um pesquisador numa palestra que assisti recentemente.
A Anvisa tá de olho, claro. Por enquanto, o uso legal do chá de ayahuasca no Brasil é só para fins religiosos e pesquisas científicas aprovadas. Não dá pra comprar na farmácia, tá?
Pra fechar o papo
O chá de ayahuasca representa aquele encontro maneiro entre o conhecimento ancestral e a ciência moderna. Os resultados iniciais são animadores, principalmente para quem já bateu cabeça tentando tratar depressão pelos caminhos tradicionais.
Mas vamos combinar: não é poção mágica. Tem riscos, tem contraindicações, tem todo um contexto que precisa ser respeitado.
Sabe o que eu acho mais bacana nisso tudo? É ver a ciência abrindo a mente para saberes que ela mesma ignorou por tanto tempo. Às vezes a resposta para problemas modernos está em conhecimentos antigos.
Se você ou alguém próximo sofre com depressão resistente, talvez valha a pena ficar de olho nessas pesquisas. Quem sabe o futuro não reserve boas surpresas nessa área?
No final das contas, a maior lição que o chá de ayahuasca nos ensina é sobre humildade. A floresta ainda tem muito a nos ensinar. Só precisamos estar dispostos a ouvir.
E você, o que acha dessa aproximação entre medicina tradicional indígena e tratamentos modernos? Já conhecia algo sobre o tema? Me conta nos comentários!